Há 55 aviões fora de operação nos pátios de 12 aeroportos brasileiros
ZERO HORA
14/12/2013 | 06h02
Sucatas no pátio
Leiloadas há um ano e meio, duas aeronaves esperam que os novos donos façam a retirada da área do aeroporto Salgado Filho
Nilson Mariano
nilson.mariano@zerohora.com.br
Sem condições de decolar, dois Boeing que voaram com as cores da Varig
e da Variglog se deterioram no aeroporto da Capital, situação semelhante a
que ocorre em outros terminais Foto: Bruno Alencastro / Agencia RBS
Doze aeroportos do país, inclusive o Salgado Filho, em Porto Alegre, converteram-se em depósitos para aeronaves que não podem voar e apodrecem ao relento, além de atravancar terminais já congestionados. Atualmente, 55 aviões fora de operação permanecem em local impróprio no país, à espera de leilão ou para serem retirados por seus novos proprietários.
Terminais do Amazonas e de São Paulo são os que guardam o maior número de aeronaves fora de uso. No Aeroporto Internacional Salgado Filho, a situação é incomum. No final de junho de 2012, dois antigos Boeing da Varig – que faliu em 2006 – foram arrematados em leilão. Mas continuam no mesmo lugar, deteriorando-se, porque os novos donos ainda não os removeram.
As justificativas diferem. A Flight Escola de Aviação, de Porto Alegre, comprou um Boeing 737 para servir de auxílio na instrução a alunos de mecânica e futuros comissários de voo e pilotos. Presidente da empresa, Aldo Lisboa anuncia que pretende levar a aeronave em fevereiro próximo, para usá-la em aula.
– É difícil falar em prazo, mas esperamos que a aeronave esteja reconstituída em fevereiro – disse Lisboa, que prefere não revelar o preço pago em leilão.
Outro arrematante, o empresário Claudio Brueckheimer, não quis se manifestar sobre o assunto. Disse que a sua assessoria de imprensa dará informações mais adiante, quando os planos estiverem prontos.
Atualmente, 55 aviões fora de operação permanecem em local impróprio nos pátios
de 12 aeroportos do Brasil. Foto: Bruno Alencastro/Agencia RBS
A Infraero em Porto Alegre confirma que as duas aeronaves da Varig seguem no espaço interno do terminal. Segundo a estatal, como estão longe das pistas e da área de manobra, não provocariam transtornos diretos. Para fotografá-las, ZH precisou recorrer a uma autorização judicial. As aeronaves estão lacradas, o que impede a verificação das condições de sanidade.
A Infraero informa que é apenas depositária de aviões que pousaram, mas não puderam mais decolar devido a disputas judiciais. Assegura que não há prejuízo ao movimento nos terminais e para as frotas das companhias aéreas em atividade.
Quem assumiu a tarefa de desobstruir os aeroportos foi o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que lançou o Programa Espaço Livre. Desde fevereiro de 2011, 38 aviões de companhias falidas foram adquiridos nos leilões realizados. Na segunda-feira, o CNJ realiza mais um leilão para venda de quatro aviões da Vasp estacionados em Salvador, Guarulhos, Brasília e São Luís. São as últimas das 27 aeronaves da Vasp que pararam depois da falência da empresa, em 2008. Os preços variam de R$ 28 mil a R$ 60 mil.
Os quatro remanescentes da Vasp foram classificados pela Agência Nacional de Aviação Civil como “perecidos e não aeronavegáveis”. Três deles foram leiloados anteriormente, mas a negociação não se concretizou devido a problemas com o depósito judicial.
Aeronaves sem condições de operar estacionadas em 12 terminais
Manaus: 11 (diversas companhias aéreas)
Guarulhos (SP): 8 (diversas companhias aéreas)
Rio de Janeiro: 8 (diversas companhias aéreas)
Brasília: 7 (Vasp, Transbrasil e Interbrasil)
Campinas (SP): 6 (diversas companhias aéreas)
Fortaleza: 5 (maior parte da empresa TAF)
Salvador: 3 (Vasp)
Recife: 2 (Vasp)
Porto Alegre: 2 (Varig)
São Luís: 1 (Vasp)
Campo Grande: 1 (Ardennes Delta)
Belo Horizonte: 1 (Vasp)
Remoção é complicada
Comprar uma aeronave fora de uso em leilão até que é fácil. O complicado é removê-la, devido ao tamanho e às dificuldades de transporte. Para a retirada de dois Boeing 737-200 pertencentes à Vasp do aeroporto de Brasília, foi necessário desmontá-los em operações cercadas por medidas de segurança. Os dois aviões foram arrematados em setembro, num leilão realizado para pagar os credores da massa falida da Vasp.
Para dar solenidade à limpeza dos aeroportos, o Programa Espaço Livre, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), programou um ato para o início do próximo ano, no terminal da capital federal. Devem participar o corregedor do CNJ, ministro Francisco Falcão, e o ministro da Secretaria da Aviação Civil, Moreira Franco, entre outras autoridades.
Tanto o desmonte quanto o transporte das aeronaves são de responsabilidade de quem as arrematou no leilão.
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