TAM usa cautela para retomar liderança
Valor Econômico
27/03/2015 às 05h00
Por João José Oliveira | De São Paulo

Francisco Recabarren, da TAM, vai ampliar conectividade de Brasília para decolar com aviões mais ocupados
A volta da TAM à liderança do mercado doméstico de transporte aéreo de passageiros em fevereiro – a Gol ficou à frente em dezembro e janeiro – comprova o acerto de não elevar a oferta de forma mais intensa, mesmo na titleo estação, disse ao Valor Francisco Recabarren, vice-presidente de negócios no Brasil da TAM.
Segundo ele, o ambiente macroeconômico em 2015 é “adverso e especial” pois é “dificil prever com precisão o que vai acontecer”. O executivo listou a forte volatilidade cambial e a fraca demanda como fatores que reduziram a previsibilidade este ano. A TAM foi a empresa, das quatro aéreas brasileiras, que menos cresceu em fevereiro deste ano na comparação com igual mês de 2013 em termos de oferta e de demanda. Mas com essa postura, conseguiu ser a única a melhorar a taxa de ocupação nos voos.
Em fevereiro, a TAM aumentou a oferta – em assentos-quilômetros disponíveis (ASK) – em 0,31%, para capturar urna demanda medida em passageiros-quilômetros transportados (RPK) 1,27% maior, melhorando a taxa de ocupação em 0,78 ponto percentual para 82,57%. Com isso, a controlada pela Latam fechou o mês passado com 36,82% de participação de mercado.
“Lidamos com um cenário bastante desafiador com relação à demanda e, por isso, temos sido conservadores na nossa estratégia de oferta de assentos ao longo dos últimos seis meses”, disse Recabarren. Segundo o vice presidente da TAM, ao elevar a oferta de maneira pontual para atender à demanda de lazer na titlea estação, entre dezembro e fevereiro, surgem custos operacionais que podem comprometer a margem de rentabilidade da companhia.
Por isso, aponta o executivo, a TAM está preferindo transportar mais passageiros por meio de maior aproveitamento dos voos. “Temos melhorado a conectividade dos voos para oferecer um produto atrativo ao passageiro e gerar eficiência operacional e rentabilidade, disse Recabarren.
Em fevereiro de 2014, a TAM operou uma média de 750 voos diários e alcançou pontualidade de 90,6% dos voos. Em fevereiro de 2015, a empresa registrou média de 737 voos diários e teve pontualidade de 93,6% dos voos.
Essa já havia sido a estratégia da TAM em 2014, quando a companhia teve demanda 1,2% maior que em 2013, mesmo cortando i,i% da capacidade. Dessa forma, a aérea teve lucro operacional pela primeira vez desde 2011, de R$ 33,6 milhões – ante perda de R$ 470,4 milhões antes.
Para este ano, a Latam, holding chilena que é dona da TAM e da LAN, planeja manter estável a oferta no Brasil, mas elevar entre 4% e 6% a capacidade no restante do continente. “Podemos gerar mais demanda por meio de nossa conectividade no continente”.
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Com o exemplo da estratégia de aumentar a quantidade de passageiros sem ampliar a quantidade de assentos-quilômetros disponíveis, o vice presidente da TAM citou Brasília, que vai passar a atender nove novos destinos nacionais e outros dois internacionais a partir do terminal da capital federal. Esse hub (ponto de distribuição de voos) vai servir para estimular demanda de cidades secundárias, como Bauru e São José dos Campos, ambas no interior paulista, e Juazeiro do Norte, no Ceará.
Recabarren diz que ter a liderança no mercado doméstico brasileiro é relevante, mas dentro de um contexto que considera a rentabilidade da operação local. Por isso, aponta o executivo, os sinais emitidos pela demanda este ano demanda uma política de oferta racional.
“O momento é de ter calma, olhar o contexto. Por isso, estamos tranquilos com a escolha que fizemos, de ser cautelosos”, disse Recabarren. Para ele, aumento de oferta em contexto de demanda em retração pode provocar desequilíbrio no setor.